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Mandando Lenha, 18 anos depois.
24/09/2015 14:46 em Crônicas
 
 
 
 
 
Por Bebeto Alves 
 
"Há 18 anos gravei um disco com Lucio Yanel e Clovis "Boca" Freire , com produção do Mauro Moraes , também compositor das canções que interpreto neste álbum. É o segundo disco de uma trilogia, e talvez o disco mais importante desse jogo entre intérprete, compositor e músicos, que resultou nesses três discos lançados. Digo jogo porque a forma como foram gravados foi bastante diferente do usual. Os discos foram gravados por partes: a parte da guitarra — ou das guitarras —, do baixo e da voz, em dias e sessões diferentes.
 
Quando fui gravar a voz do  Mandando Lenha, o Lucio já havia colocado a guitarra com a voz guia do Mauro , e improvisado muito. Depois, o " Boca" chegou e colocou o baixo sobre o
que o Lucio havia feito. No estudio — na hora e no dia da minha gravação — é que fui escutar e aprender as canções. Ficava ouvindo junto com o Mauro , lendo a letra, cantarolando até ter certeza que tinha descoberto um caminho para cantar.
 
Quando o Mauro me convidou para gravar, inicialmente, eu não estava com ganas nenhuma de fazer isso. Tentei argumentar com o Mauro que a gente já havia gravado um disco (Milonguenado Uns Troços , 1995) e não tinha certeza se queria gravar mais um. Não havia, concretamente, a ideia de se gravar mais discos, de fazer uma trilogia ou algo parecido, as coisas foram acontecendo, naturalmente, num naturalmente mais para o Mauro do que pra mim. Não queria ficar sendo reconhecido como a "voz" do Mauro , até porque sou um compositor, da mesma forma. Disse pro Mauro que ele tinha que cantar as músicas dele, que ia ser bom, que ia ficar legal. Até que, depois do terceiro disco — Milongamento (1999) —, quando demos por encerrada a parceria, ele resolveu assumir o
front line e cantar seu próprio trabalho.
 
Apesar de eu ter impresso uma ideia diferente da interpretação daquele universo rural, campesino, que é o universo do Mauro — e que, talvez — isso tenho ajudado as pessoas a elaborar uma nova maneira de ouvir, de perceber a música gaúcha dali por diante, nunca me senti apropriado desse trabalho, não me enxergava dentro dele. Não me via como intérprete, mas como um artista que tinha “se emprestado” para o compositor Moraes, para ele justamente entender a sua própria possibilidade de cantar. Porém, com o tempo, esse trabalho tornou-se cultuado por centenas, milhares de pessoas, e os discos seguiram vendendo, especialmente o  Mandando Lenha, chegando a ter uma comunidade só dele no finado Orkut.
 
No começo do outono tive uma epifânia quando minha mulher, numa manhã de domingo, colocou o disco para rodar. Eu estava no andar de cima da casa, trabalhando em umas fotografias no computador, quando me deixei levar pela introdução de Chamamecero, a primeira música do cd . Me joguei na onda; surpreso, encantado com aquela sonoridade. Fazia muito tempo que não o ouvia, anos. Foi quando me percebi nele, e entendi o quê e o porquê esse trabalho emocionava tanto as pessoas. Escrevi um post no face que gerou centenas de comentários, e um convite inbox do amigo Paulo Inchauspe para conversarmos sobre uma possível apresentação. E conversamos bastante. Agora aqui estou, com uma estréia marcada para Buenos Aires dia 28 de junho, à convite do produtor C arlos Villaba , que através dessa mesma postagem, no face, me arrebatou com a proposta de montar e mostrar esse show na capital porteña, como parte da programação de inauguração do Centro Cultural Kirchner. 
 
Toda a minha alegria é pouca para expressar o contentamento com esse convite: voltar aos palcos de Buenos Aires com um show especial, dividindo a noite com o grupo argentino La Chicana , de Acho Estol e Dolores Solá , amigos queridos.
 
As coisas são assim, o tempo é que diz quando é que tudo poder ser diferente doque já foi um dia. Depois de 18 anos."
 
Após a estreia em Buenos Aires e uma apresentação no Centro de Eventos do Hotel Itaimbé, em Santa Maria, Mandando Lenha estreia em Porto Alegre, e em grande estilo: no palco do Theatro São Pedro com seu registro em FullHD para produção de um DVD e CD ao vivo. O show acontecerá na sexta-feira 13 de novembro, uma co-produção entre o artista Bebeto Alves e os produtores Marcela Marco e Rafael Cony — da Expertise Cultural —, com direção de Renê Goya Filho e captação da Estação Filmes, que também assina o documentário em longa metragem Mais Uma Canção.
 
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