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Meus “dois tempos” e algo mais da Rockpedia
25/08/2021 21:58 em Crônicas

 

Dinarte Albuquerque Filho  

Poeta/Jornalista - http://leiturasnamadrugada.blogspot.com/

Fotos: Deruffato

 

      Eis que a Rockpedia soma uma dezena de anos no ar. Instigadas pelo Luciano, as lembranças de minha participação, no programa Veneno Rockpedia, tornam-se um pouco mais vívidas, um pouco, e o texto que deveria estar pronto há mais de semana, demora dias para engrenar – frases flutuando entre a memória e o devaneio. Muitas coisas me escapam, inclusive como começou; sei que houve “dois tempos”: um, fazendo direto de casa, outro, indo ao estúdio, na casa dele; por ora, essa ordem é suficiente. O caso é que não vem ao caso, pois o que fica valendo são as sensações que tive ao fazer o programa Veneno Rockpédia – e que vêm à tona enquanto escrevo –, com a intenção, primeira e única, de tocar música brasileira, entre os “independentes” e a instrumental. Sei que fiz uso dos LPs que disponho, depois, sobrecarreguei o Luciano com o “baixamento” das músicas da internet. Algumas não foram possíveis obter na época, mas as escolhas renderam muitos programas legais.

    Eu curti pra caramba. Era o responsável pela seleção e organização dessas escolhas – leigo que era (não muito diferente hoje), me valia da experiência dele para montar o programa. Às vezes enviava uma listinha das músicas e ficava no aguardo... “Acomodar” as canções conforme o tempo de cada uma era sempre um impasse; embora acostumado a escrever conforme o número de caracteres para jornais e revistas, quando precisava fazer o cálculo, me perdia e extrapolava o tempo. Parecia ser fácil a dinâmica de pensar a composição de cada bloco. Que nada!  Pra piorar, muitas vezes esquecia das “falas obrigatórias”, no começo e no fim de cada programa. Muitas vezes esquecia do nome das músicas ou me atrapalhava com o nome do cantor ou da banda... mesmo já tendo escutado diversas vezes ou tendo anotado à minha frente o nome de cada um. Coisas de principiante ou da sensação de estar conectado com um ouvinte que, assim como eu quando estou nesta condição, espera por uma trilha especial para aquele momento... sei lá. No período em que fiz direto de meu apartamento, ele chegou a instalar alguns equipamentos que viabilizariam a transmissão... Coisa de louco, he, he, he... Só aumentou o trabalho e o atrapalho, mas foi uma experiência e tanto. Até então só havia experimentado a locução sem me preocupar com a parafernália necessária para uma transmissão. Tinha no “currículo radiofônico” os spots que gravara durante o período em que trabalhei em uma agência de publicidade, a CAZ (final dos anos 80), para a Cinema Mudo, uma locadora de fitas de vídeo; alguns programas do tempo de faculdade; depois, algumas entrevistas pessoais e outras na qual era o entrevistador, quando a redação dos jornais passou a compartilhar as equipes com a rádio. Mas nada, até então, se comparava com aqueles momentos em que eu fazia o programa e descobria a magia que todos os locutores costumam enfatizar em seus depoimentos.       

      Não esqueço, também, de alguns encontros na casa dele – onde sempre fui muito recebido por ele e pela Ise. Sabadão, quando às vezes cruzava com o Kamon (com seu RadioLand) ou com o Léo Vargas (BeSurf), ou com ambos, e as tardes escorriam entre muita música e conversas aleatórias. Tive a oportunidade de entrevistar alguns autores locais – entre eles Nil Kremer, Maya Falks, Marcos Mantovani e Pippo Pezzini, para o espaço Leituras Rockpedia. Tive a chance, riquíssima, de tocar Itamar Assumpção, Premê, Nei Lisboa, Grupo Mantiqueira, Nelson Coelho de Castro, Cheiro de Vida (que, aliás, era a vinheta do programa), Hermeto Pascoal, Tiago Araripe, Banda Metalurgia e outros tantos que já nem lembro e que também não caberiam neste depoimento. Fico bem feliz em saber que a iniciativa do Luciano perdura há uma década. E que a paixão dele por fazer rádio e tocar só música boa, não se apagou.

        Faz tempo que deixei de fazer parte da turma – aquelas coisas da vida que a gente explica, mas nem sempre justifica ou entende. O melhor de tudo é saber que ele não desistiu, que o programa continua e que as perspectivas são de, pelo menos, mais dez anos de muita música de qualidade e de camaradagem.

 

 

 

 

 

 

 

 

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